quinta-feira, 5 de novembro de 2015

DADAÍSMO


O Dadaísmo surge em meio à guerra, em 1916, do encontro de um grupo de refugiados (escritores e artistas plásticos) com o intuito de fazer algo significativo que chocasse a burguesia da época.
Este movimento é o reflexo da perspectiva diante das conseqüências emocionais trazidas pela Primeira Guerra Mundial: o sentimento de revolta, de agressividade, de indignação, de instabilidade.

O Dadaísmo é considerado a radicalização das três vanguardas europeias anteriores: o Futurismo, o Expressionismo e o Cubismo. Os artistas desse período eram contra o capitalismo burguês e a guerra promovida com motivação capitalista. A intenção desta vanguarda é destruir os valores burgueses e a arte tradicional.

A literatura tem como características: a agressividade verbalizada, a desordem das palavras, a incoerência, a banalização da rima, da lógica, do raciocínio. Faz uso do nonsense, ou seja, da falta de sentido da linguagem, as palavras são dispostas conforme surgem no pensamento, a fim de ridicularizar o tradicionalismo.

Foi na literatura, porém, que o ilogismo e a espontaneidade alcançaram sua expressão máxima: no último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incompreensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para fazer um poema dadaísta.
Para fazer um poema dadaísta 

Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público
.

Embora a proposta seja eliminar a linguagem humana do texto, esse poema dadaísta ainda assim faz sentido, não consegue destituir-se de significado, ao contrário de muitos dos “ready-mades” de Marcel Duchamp.
 O próprio nome “Dadaísmo” não tem significado nenhum, provavelmente tem o intuito de remeter à linguagem da criança que ainda não fala.
Um dos principais autores e também fundador do Dadaísmo é Tristan Tzara, o qual ensina o seguinte a respeito do movimento:
A linguagem dadaísta pretende anular qualquer barreira quanto a significações, pois o importante nas palavras não é seu significado, e sim sua sonoridade. O som é intensificado com o grito, o urro contra o burguês e seu apego ao capital.
No Brasil o Dadaísmo tem referência através do escritor Mário de Andrade em seu livro Paulicéia desvairada, no qual há um poema chamado “Ode ao burguês”. Já no prefácio do livro, o autor recomenda que só deveriam ler o referido poema os leitores que soubessem urrar. Veja um trecho do poema:


Ode ao burguês

“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)”

Mário de Andrade

Difícil localizar influências diretas do dadaísmo na produção brasileira, mas talvez seja possível pensar que ecos do movimento dada cheguem pela leitura que dele fazem os surrealistas, herdeiros legítimos do dadaísmo em solo francês. Por exemplo, em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias; nas fotomontagens de Jorge de Lima, que podem ser aproximadas de trabalhos correlatos de Max Ernst; na produção de Flávio de Carvalho. De Carvalho, as performances, tão ao gosto das vanguardas - por exemplo, a relatada no livro Experiência nº 2 -, e também seu projeto para a Fazenda Capuava, construída em 1938, cujas motivações de aproximação arte e vida lembram, segundo algumas leituras, o Merzbau de Schwitters.
Os principais dadaístas foram Tristan Tzara, Marcel Duchamp e André Breton. Revoltados com os destinos desatinados do homem civilizado, os dadaístas propunham a “antiarte“, ou seja, a forma sem sentido. Pela desconstrução do real, preconizavam “desfuncionalizar” os objetos do mundo burguês, em uma atitude rebelde e demolidora.

O Dadaísmo deriva seu nome da falta de lógica da expressão infantil “dada“, de quando o bebê começa a tentar produzir linguagem. Os objetos de Duchamp recebiam o nome de “ready-mades” (feitos e pronto), tipo de antiarte dada, com que os artistas desse movimento pretendiam desmascarar as inutilidades e as futilidades das convenções e dos objetos burgueses.




A Fonte - obra dadaísta de Marcel Duchamp
A Fonte, Marcel Duchamp.

Note que o mictório na horizontal, sem o encanamento, perde sua função — o artista até lhe dá o irônico nome de “fonte”, como se o objeto viesse a fazer o papel inverso que lhe é atribuído convencionalmente: em vez de receptáculo de líquidos (humanos e encanados), passaria a ser emissor de líquidos….
Na poesia, o Dadaísmo não logrou resultados satisfatórios, pois essa destruição do sentido e função é impossível quando lidamos com língua. Qualquer palavra que se use, mesmo solta no papel, tem sentido, por mínimo que seja. Leia as “dicas” de Tristan Tzara para a composição de um poema dadaísta:
Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos nossos olhos modernos, precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.

Marcel Duchamp
(1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas. O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte. Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos.
       


1- O Dadaísmo é um movimento artístico moderno. Onde ele deu início, em que ano e qual guerra estava ocorrendo nesta época?
R= 
2- Muitos dos seguidores deram início posteriormente a outro movimento e seus parâmetros influenciaram a arte até hoje. Que movimento foi esse? 
R= 

3- Marque a alternativa correta:

( ) O Dadaísmo visava mostrar a alegria humana.
( ) No Dadaísmo existiam cenas mitológicas em peso.
( ) O Dadaísmo é uma arte do século XX.
( ) No Dadaísmo as cores devem ser puras.

4- Qual foi o caráter do Dadaísmo?

5- O que é a técnica da Paródia no Dadaísmo?

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